Quem pensa que a rotina de cães se resume a alimentar-se, brincar e descansar está enganado. Muitos deles possuem uma rotina diária de trabalho. Isso mesmo! Alguns cachorros exercem atividades profissionais que, mesmo não sendo regulamentadas, têm seu auxílio reconhecido em diversas áreas nas quais a força de trabalho animal possa ser incluída. Atuando com policiais ou ajudando como voluntários em tratamento de saúde de humanos, esses profissionais desempenham um indispensável papel.
Os quatro cães que o diretor de adestramento do Kennel Club, Joaquim Cavalcanti, de 33 anos, cria são exemplos disso. Todos os sábados, eles têm destino certo: participam do treinamento para terapia assistida no Clube, localizado em Paulista. Desde o início de sua carreira, Joaquim tinha um propósito de oferecer os animais para alguma causa nobre. E conseguiu. Hoje, os animais são co-terapeutas e atuam como ajudantes em diversos tratamentos oferecidos em hospitais. “Trabalho no ramo há seis anos e desde o início eu tinha o propósito no meu coração de que se eu conseguisse trabalhar, me comunicar e me dar bem com os animais, iria dedicá-los para ajudar as pessoas. Acaba se tornando gratificante para mim ver que as pessoas gostam desse contato com os bichos”, conta.
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Atualmente, além de oferecê-los para o voluntariado, Joaquim também os capacita junto com tantos outros para exercerem funções semelhantes, como, por exemplo, guia de cegos. Todos os participantes pertencem aos sócios do Clube, como explica o presidente Alexandre Almeida. “Para fazer parte da equipe o animal deve ser de algum associado. Durante três horas são ensinados vários segmentos, como obediência e adestramento para que o cão atenda aos comandos de seu condutor”, explica. Outro ramo onde os cães desempenham importantes funções é junto à polícia. A Companhia Independente de Policiamento com Cães (CipCães) desenvolve há 51 anos o trabalho de adestramento de animais para o emprego policial.
Atualmente 102 cães estão sendo treinados. Em parceria com a Polícia Militar, eles atuam no combate ao narcotráfico e terrorismo, busca de pessoas, patrulhamento e revistas em presídios. Desde filhotes já começam a ser treinados e desempenham apenas uma função. Cada raça tem sua aptidão, então não misturamos os cães de faro com os de patrulhamento, por exemplo. Desde cedo começamos a estimular a persistência, busca e caça através de brincadeiras. Com um ano e meio, um filhote já está preparado mas continua a praticar exercícios”, afirma. A partir dos oito anos, quando começa a fase senil, os cães se aposentam, mas permanecem no canil. Por conta do esforço que o trabalho exige muitos tutores compartilham o temor de que a rotina possa causar algum dano a saúde do seu pet. No entanto, de acordo com o professor do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal (DMFA), da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Marcelo Teixeira, exercer alguma atividade pode trazer benefícios, desde que o trabalho seja um divertimento. "Ter uma ocupação pode trazer tranquilidade.
Mas a atividade não deve ser estressante nem cansativa e sim uma diversão. O próprio treinamento indica isso. É importante também ter sempre acompanhamento de um veterinário", afirma. Estar atento ao bem estar do bichinho é de extrema importância. Principalmente se a função exigir esforço. Neste caso, deve haver intervalo para descanso, pois atividade em excesso pode causar estresse no animal ou desgaste físico. "A jornada de um trabalho de policiamento, por exemplo, deve ser de três a quatro horas com intervalos. É importante dar bastante água, deixá-lo na sombra e evitar o calor excessivo. Sem essas condições adequadas, ele pode ter desgaste físico, tornar-se agressivo e não apresentar interesse para realizar seu ofício”, alerta Teixeira.
Outro ponto a ser observado é a alimentação, que deve estar de acordo com o desgaste que cada função exige. "Se for uma ocupação com desgaste maior, a ração deve ser mais energética. É importante também que ela seja balanceada e adequada à atividade e ao condicionamento físico do cão", diz Teixeira.
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