por Vitor Paiva(*)
Uma das mais populosas cidades chinesas, Wuhan é o epicentro do surto de Coronavírus no país, e segue em quarentena desde 23 de janeiro – quando foi recomendado que as pessoas permanecessem dentro de casa. O outro lado de tal situação calamitosa são as pessoas que não estavam na cidade e, com isso, não podem retornar para casa e para seus animais de estimação. Wuhan desde então se tornou uma cidade fantasma, e nela estima-se que 30 mil animais estejam abandonados sem seus donos.
A cidade de Wuhan Vazia |
Essa foi a maneira que o jovem Ye Jialin, morador de Wuhan, encontrou para ajudar a cidade a combater a epidemia, não em seu efeito fisiológico, mas sim emocional: cuidar, alimentar e resgatar os animais abandonados nas casas das pessoas não puderam voltar.
Trata-se de um trabalho voluntário, para o qual os donos enviam informações como senhas e chaves escondidas, ou simplesmente autorizam que Jialin arrombe as portas para salvar os bichanos – tanto gatos, mais populares na cidade, quanto cachorros.
Muitas vezes para ter sua entrada permitida nos edifícios, é preciso que um funcionário meça a temperatura do jovem voluntário, a fim de confirmar que ele não está febril e potencialmente carregando o vírus. Ye Jialin diz que não tem medo de seu trabalho – seu único medo é de encontrar os animais já mortos. Desde que começou já resgatou cerca de 30 animais.
(*)Vitor Paiva Escritor, jornalista e músico, doutorando em literatura pela PUC-Rio, publica artigos, ensaios e reportagens. É autor dos livros Tudo Que Não é Cavalo, Boca Aberta, Só o Sol Sabe Sair de Cena e Dólar e outros amores.