por Mariana Fabricio do Diário de Pernambuco
Com a aproximação do inverno, não são apenas os humanos que sentem os impactos da queda de temperatura. Os animais também são afetados e podem até mesmo adquirir algumas doenças por conta da mudança no clima. Alguns vírus são frequentes e facilmente transmitidos no ambiente úmido. Portanto, alguns cuidados a mais são necessários para manter cães e gatos saudáveis nesta época do ano.
De acordo com a veterinária e professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Roseana Diniz, animais saudáveis e vacinados têm mais dificuldade de adoecerem, mas outros fatores podem influenciar no estado de saúde. “O manejo com os bichos, o nível de estresse e a idade podem baixar a imunidade. É importante mantê-los saudáveis em todas as épocas do ano, mantendo uma boa alimentação, as vacinas em dia e um ambiente saudável. Assim, é mais difícil adoecer”, afirma.
Entre as doenças frequentemente adquiridas no inverno estão leptospirose, bronquite, broncopneumonia e cinomose. Os sintomas são diferentes entre cães e gatos. “Os gatos gostam mais de um clima quente, já os cães, do clima frio. Por isso, os felinos adoecem mais e apresentam mais sintomas. Além disso, eles têm alguns vírus adormecidos, ou seja, que não se manifestam clinicamente, mas que em tempo frio podem aparecer. Já os cães são mais naturalmente preparados para a época de chuva”, explica Roseana.
A natureza dos felinos é de se expor mais, o que pode facilitar a contaminação. Além disso, o estresse pode causar sintomas parecidos com os da gripe. Com a doença, o animal pode apresentar espirros, ficar com os olhos marejando, a vocalização diferente (semelhante com uma rouquidão), tosse seca, diminuição nas atividades e na ingestão de alimentos. Segundo a veterinária, todos esses sintomas podem desaparecer de três a cinco dias. “Se progredirem, pode ser broncopneumonia, então será o caso de prescrever analgésicos e antitérmicos. Geralmente começa com um surto e alguns precisam de ajuda ”, conta. Para não haver contaminação é preciso evitar o contato com a chuva e a lama ou esgoto.
Mais resistentes, os cães geralmente sentem-se bem no inverno e raramente ficam doentes. “Normalmente quando um cão adoece é porque ele já estava com o vírus. Não foi uma chuvinha que ele pegou que provocou, ela apenas facilitou, foi a gota d'água. Outros fatores que contribuem para eventuais problemas de saúde são a falta de alguma vacina ou mudança na rotina do cachorro”, informa Roseana.
Animais criados ou abandonados na rua têm mais facilidade de contaminação por estarem expostos a mais riscos. Foi o caso de Chica, uma cadelinha de sete anos sem raça definida que era criada na rua e foi achada pela professora Leila Menezes, 46 anos. “Quando a encontrei ela estava totalmente debilitada, mancando. Depois que levei ao veterinário, descobri que ela estava com cinomose”, conta Leila.
A cadela ficou alguns dias internada na Clínica Veterinária Animania, onde tomou as vacinas necessárias e recebeu tratamento. Para a veterinária Alessandra Melo, que acompanhou o caso de Chica, as exposições ao frio e a chuva foram fundamentais para que ela ficasse com o estado de saúde debilitado. “Essa é uma das doenças mais frequentes nessa época, assim como a leptospirose. Quando o cachorro não é vacinado e ainda leva chuva, a imunidade baixa. No caso de Chica, a doença já estava avançada, mas deu para reverter”, explica Alessandra.
Quando contaminados, os sintomas que aparecem nos cães são diminuição no apetite e na disposição e tosse. Se o quadro se agravar, é hora de procurar um veterinário. Fatores como a mudança de hábito, tipo de pelagem e a idade também podem causar enfermidades. “Se ele tem uma pelagem maior, sentirá menos frio. Cães idosos ou muito novinhos devem evitar se expor a chuva”, acrescenta.
Apesar dos riscos, o clima úmido pode ser confortável para os cachorros passearem. “No clima aqui no Recife, o verão é bem mais preocupante do que o inverno. Como os cachorros transpiram pela boca, focinho e patas, expô-lo ao sol pode ser prejudicial. No tempo nublado ele fica mais confortável, principalmente pela manhã antes das dez horas e após as 15 horas. O passeio no intervalo entre esses horários deve ser evitado. Lembrando que cão saudável não adoece em uma chuvinha, então é importante mantê-lo vacinado e com alimentação de qualidade”, completa Roseana.
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