por Valeria Feitosa (blogs.diariodonordeste.com.br)
Na Coluna Dr. Vet desta semana, médico veterinário Paulo Sérgio Barbosa, da Favet-Uece, responde dúvidas da criadora Catarina de Araújo. Confiram:
“Estou tratando minha cachorrinha que está com cinomose, com eritromicina durante 20 dias, dipirona para febre e umas vitaminas, conforme receitou o veterinário. O antibiótico já acabou, e às vezes, ela tem febre. Também dou o soro Soroglobulin, durante três semanas, uma por semana. Fui advertida que se o vírus da cinomose estiver afetado o sistema nervoso dela, ela pode ficar com sequelas como tiques nervosos. Notei que ela está batendo os dentes como se estivesse com frio, mas só às vezes. Já dei duas doses do soro … é normal ela estar tão magrinha, com quanto tempo vai fazer efeito do soro e quais são os sinais de melhora”,
Dr. Paulo Sérgio Barbosa* responde:
“Antes de falar da eficiência ou não do soroglobulin, precisamos descrever como a cinomose acontece dentro do organismo do animal. Após entrar em seus hospedeiros pela via oral ou nasal, o VCC inicia sua replicação (multiplicação)nos tecidos linfóides. No segundo dia pós-infecção há um aumento no número de linfócitos e células reticulares infectadas. Em seguida, o vírus se distribui pelos linfonodos mediastinais e mesentéricos, baço, fígado e tecidos linfóides do trato gastrointestinal (três a quatro dias). Uma viremia na primeira semana pós-infecção coincide com a proliferação viral nos órgãos linfóides associada à leucopenia por linfopenia.
No quinto e sexto dia, o vírus se espalha para o pulmão e lâmina própria da nasofaringe e mucosa conjuntival. Uma segunda viremia, com vírus associado à célula e fase plasmática pode ocorrer entre o oitavo ao décimo quarto dia, sendo que algumas vezes podem ser observadas até o 24º dia. O estágio virêmico pode durar até seis semanas. Durante o período de viremia, o curso da infecção e a severidade dos sinais clínicos variam em consequência da virulência, idade e estado imune do animal. Se os cães desenvolverem uma forte resposta imune, podem se recuperar da infecção, e o vírus desaparece dos tecidos dentro de dez a 14 dias.
Entretanto, àqueles que produzem níveis de anticorpos insuficientes, o vírus permanece nos tecidos linfóides e continua a sua dispersão para pele, glândulas, trato respiratório e reprodutivo. A ausência de uma resposta imune na fase inicial da infecção leva a um quadro fatal: a invasão do vírus no sistema nervoso central (SNC) ocorre com mais de 15 dias após a infecção. A encefalite é uma causa comum de morte em animais acometido por cinomose.
Isso acontece em decorrência da persistência viral neste sistema, que é multifocal e dependente de propriedades do hospedeiro e do vírus. A persistência do vírus pode induzir uma encefalite tardia ou a hiperqueratose dos coxins plantares (o que está acontecendo com o animal descrito no email), pelo qual o vírus fica restrito aos neurônios e substância branca do encéfalo e células epidérmicas. Animais com hiperqueratose nasal ou digital, usualmente, também apresentam complicações neurológicas, isso porque o SNC e os queratinócitos são infectados na segunda viremia. Quando se usa o soroglobulin (solução concentrada e purificada de imunoglobulinas) na tentativa de que se o vírus não estiver chegado ao sistema nervoso, seja combatido pelo sistema imune do animal, e esse não venha apresentar a encefalite tardia. Entretanto se o animal estiver com vírus da cinomose esse sintomas aparecem rapidamente. Infelizmente, a senhora foi alertada para isso, o seu animal apresenta quadro clássico desta fase e o prognóstico é reservado, lembrando que a vacina é o melhor caminho para se evitar a cinomose”.
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