"A matéria abaixo foi produzida em 1 de abril de 2013 por Ricardo_R32, no excelente blog Tudo por São Paulo 1932, a quem agradecemos".
Os primeiros relatos de emprego de cães no policiamento urbano em São Paulo datam de 1912 pela antiga Guarda Cívica. No entanto foi quatro décadas depois em 1950 que o Capitão Djanir Caldas trouxe da Argentina técnicas da Cinotecnia - e inicialmente com quatro cães da raça Pastor Alemão (dois deles vindos da Argentina), o Canil da Força Pública iniciava suas atividades em 15 de setembro de 1950.
Em 1957, o ainda embrionário canil teve sua existência ameaçada quando o então Governador Jânio da Silva Quadros disparou um de seus famosos bilhetinhos: "Faça os cães trabalharem ou extinguirei a matilha". Foi neste contexto que no mesmo ano de 1957 uma criança de quatro anos foi sequestrada, fato que obteve enorme repercussão na imprensa. Após longas buscas pela região onde o crime ocorreu, o cão Dick do Canil da FPSP(Força Pública do Estado de São Paulo, que passou a se chamar Policia Militar do Estado de São Paulo) conduzido pelo Soldado Muniz encontrou Eduardinho, como era chamado por seus pais, com vida em um buraco na Serra da Cantareira. Após o resgate da criança e a captura dos sequestradores, o Canil da Força Pública passou a ser elogiado pela sociedade e recebeu investimentos em sua infra estrutura - culminando no que é hoje o Canil Central da Polícia Militar.
Abaixo vemos uma pintura retratando o Soldado Muniz, o menino Eduardinho e o cão Dick que recebeu a patente simbólica de Cabo.
Atualmente a 3a Cia/Canil conta com um efetivo de 156 Policiais Militares, 84 cães e 7 filhotes. Sediado na Serra da Cantareira, no bairro do Tremembé, na zona norte da Capital - o espaço é ideal para os cães: São 42.683 m² de ampla área verde, o que permite aos cães se sentirem livres em um ambiente similar a um sítio, em plena metrópole paulistana.
As principais missões realizadas pelo canil são:
- Operações contra o crime organizado, atuando isoladamente ou em apoio a outras unidades de Choque;
- Controle de distúrbios civis;
- Detecção de explosivos e entorpecentes;
- Policiamento com cães em eventos esportivos;
- Busca e localização de marginais foragidos em mata;
- Busca e resgate de pessoas perdidas em mata;
- Revistas em estabelecimentos prisionais;
- Segurança de autoridades.
O policial ao ser classificado na 3a Cia/Canil realiza um curso de Cinotecnia com aulas teóricas e técnicas em veterinária, cinotecnia e adestramento. Já para trabalhar com cães farejadores o policial realiza um estágio denominado EEP habilitando-o a realizar este tipo de serviço. Nas imagens abaixo vemos algumas exibições recreativas organizadas pelo Canil, como a transposição de obstáculos e a obediência aos comandos do condutor.
Na sobreposição de imagens vemos a agilidade e a tranquilidade com que o cão Quick ultrapassa o arco de fogo.
A cadela Cindy em prova de obediência.
A excelência do trabalho realizado pelo Canil da Polícia Militar já rendeu centenas de troféus obtidos nas mais diversas competições ao longo de 63 anos. Infelizmente na atualidade o Canil da PM não está mais participando de eventos do gênero, o que pode comprometer o aprimoramento e desenvolvimento de alguns aspectos a longo prazo.
Nas duas imagens a seguir vemos o cão Brown, conduzido pelo Soldado PM Caio Augusto, localizando com rapidez impressionante um explosivo previamente escondido na roda de um dos muitos carros estacionados no local.
A postura de Brown indica que algo ali está errado, mas como pode ser algo perigoso o cão não se move.
Os cães tem um olfato capaz de detectar entorpecentes em quantidades mínimas, escondidos locais de difícil acesso como atrás de painéis ou dentro das portas de um veículo. Na imagem abaixo os cães Hero e Guido conduzidos pelos Soldados Monteiro e Bueno fazem buscas a entorpecentes, localizando-os rapidamente entre diversas mochilas.
O treinamento de faro para os cães se dá de forma absolutamente segura para o animal - que em hipótese alguma tem contato direto com a droga, ao contrário do que afirmam alguns desinformados. São anos de treinamento, mas depois de devidamente treinado a indicação do animal é infalível, segundo os policiais.
Atualmente o Canil vem sendo bastante empregado em operações de presença e de saturação realizadas pela Polícia Militar. Na sequência a seguir vemos o momento da abordagem policial a um veículo suspeito por uma equipe usando o cão. Na simulação um dos suspeitos tenta a fuga, sendo imediatamente imobilizado pelo cão. Assisitir a simulação é impressionante, uma vez que o cão não sabe que se trata apenas de um teatro. Reparem nos olhos vigilantes do cão Pegasus (um Pastor Belga de Malinois) ainda dentro da viatura.
Após a captura do suspeito, o cão retorna ao seu lugar na viatura.
O Canil da PM trabalha com várias raças diferentes. A cadela Ira da raça Braco Alemão localizou recentemente um fugitivo em Itaquera.
O gigantesco e simpático Guga, um Bloodhound especialista em faro. Cães como este são frequentemente empregados em operações conjuntas com a Polícia Civil, Polícia Federal, bem como em apoio ao GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais) e ao COE (Comandos e Operações Especiais).
O Canil conta com uma clínica veterinária completa e equipada, possuíndo dois Oficiais Médicos Veterinários e auxiliares especializados, que atendem não só os cães da 3a Cia, mas também aos cães dos mais de vinte canis setoriais espalhados pelo Estado de São Paulo.
Na entrada do Canil, a homenagem ao "Cabo Dick" e a todos os cães que já serviram no canil. A relação policial/cão é mais do que uma relação de trabalho. É uma relação de amizade para toda a vida, já que após sua baixa o cão vai passar uma merecida aposentadoria ao lado do soldado que sempre o conduziu.
Não poderia finalizar esta matéria sem mencionar os filhotes do setor de Desenvolvimento em Reprodução Canina. Animais adoráveis como o da imagem abaixo, que resolveu experimentar o sabor da lente da câmera do autor da matéria.
Agradecimentos ao Cel PM César Augusto Luciano Franco Morelli - Comandante do Policiamento de Choque, ao Ten Cel PM Salvador Modesto Madia - Comandante do 4º Batalhão de Polícia de Choque, ao Cap PM Luna - Comandante da 3ª Cia/CANIL, ao 2o Ten PM Trigo, ao 2o Sgt William, ao Cb PM Nunes, ao Sd PM Silva Júnior, ao Sd PM Marchiori, ao Sd PM Pedro, ao Sd PM Cavalcante, a 1a Ten PM Tania Roldão - Oficial de RP do 4º Batalhão de Polícia de Choque, ao Coronel Paulo Adriano Telhada e ao amigo Milton Basile pela colaboração na elaboração desta matéria.
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