Se você quer ser um superstar da internet, vai precisar de um gato. Depois, use o smartphone para filmar o seu bichano, tuíte sobre ele ou crie uma conta dele no Facebook.
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A revista “The New Republic” tratou sobre esse assunto, entrevistou alguns cientistas e chegou a duas conclusões. Primeiro, que, assim como bebês, gatos têm olhos grandes, narizes pequenos e formato de cabeça parecido. Ou seja, é suma questão evolucionária: gatos desencadeiam um desejo instintivo de nutrir. Segundo, os donos de gatos gostam de dividir suas paixões pelos bichanos na internet, já que não passeiam com eles.
Essas respostas entretêm, mas não convencem. O psicanalista suíço Carl Jung usou a mitologia para explicar fenômenos de sua época. Mesmo que historiadores chamem os felinos de ícones ou artefatos, a primeira figura de um gato aparece no Egito Antigo. Tudo pode ser relacionado.
Bastet era a deusa com cabeça de gato associada às energias lunares: nascimento, fertilidade e feminilidade. Na mitologia nórdica, a deusa da fertilidade Freyja dava à luz dois gatos. Na grega, a deusa Artemis fugiu para a Lua na forma do felino. Só na Idade Média os gatos passaram a ser associados ao demônio.
A analista junguiana Marie-Louise von Franz aponta a independência desses animais no livro “The Cat: a Tale of Feminine Redemption” (“O Gato: o Conto da Redenção Feminina”, em tradução livre). Diferentemente de cachorros, que nos olham de forma dependente e sentimental, os gatos exibem sua autonomia: eles chamam a atenção com ares de quem quer a companhia humana, mas não precisa dela. Von Franz explica que, assim como o gato preto, a perseguição às bruxas é a perseguição à independência feminina.
No entanto, na internet, os gatos perderam essa conotação negativa. Os memes de gatos são os ícones modernos de toda essa simbologia. Eles enfatizam o quanto gatos parecem humanos. Mas talvez a mensagem seja um pouco mais profunda: os memes podem mostrar o quanto os humanos são como gatos.
Talvez nós estejamos comemorando coletivamente a independência com que a internet permite nos conectar uns aos outros. A web nos permite ser como felinos, relacionando-nos em nossos próprios termos e para o nosso próprio lazer. A popularidade dos gatos na internet deve ter mais a ver com entretenimento e fofura. Ou talvez até sobre biologia evolucionária e ciência social. Memes de gatos representam uma mudança na nossa mitologia coletiva e um aumento da tolerância psicológica.
Fonte: Forbesbrasil
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