quinta-feira, 15 de setembro de 2016

A FUNÇÃO E A IMPORTÂNCIA DOS BIGODES NOS CÃES.










Barba,bigode e cílios são Pelos Tácteis também chamados cientificamente de Vibrissas.
Os pelos tácteis (vibrissa) são verdadeiros órgãos e tão longos que alcançam o músculo subjacente.As paredes dos tácteis do queixo, das faces, das vibrissas dos lábios, do ouvido externo, dos supercílios e dos cílios das pálpebras, são bastante espessas, contendo, entre a superfície externa e a interna, alguns vasos capilares e neuroterminais.


A função desses pelos táteis, que alguns expositores costumam aparar (alguns chegam a arrancar) para exibir seu exemplar bem barbeado e "limpo", por influência da cinofilia americana, na realidade, são verdadeiros órgãos, suas ferramentas de trabalho. 


- Os do queixo permitem que o cão possa seguir uma trilha de quase um quilômetro sem ralar seu queixo no chão. 
- Os das faces, em conjunto com os dos supercílios, bigodes e os do queixo, permitem ao cão saber se, ao enfiar sua cabeça num buraco, poderá retirá-la depois. 
Aparar os bigodes é amputá-los, é privar seu cão dessas ferramentas naturais de trabalho.


Cortar as vibrissas do cachorro é tirar-lhe um sentido sensorial.No caso de cães que perdem ou tem deficiência visual eles tem um papel fundamental na orientação destes animais. Evitam que se choquem contra objetos, que mergulhem seu focinho na água, ralem o queixo no chão, em fim,que se machuquem. 

Vejam a seguir o relato do caso( EUA ) :” Wilhelmina era de um Blue Merle Sheltie que tinha apenas quatro anos quando perdeu a maior parte de sua visão. Embora ela ainda pudesse distinguir claro e escuro, sua visão era, provavelmente, o equivalente a ver através de várias camadas de papel vegetal".

Seu proprietário, Bruce, perguntou ao neuropsicólogo canino Stanley Coren qual seria o conselho e de que maneira poderia ajuda-la. "As recomendações incluíam deixando itens de mobiliário em seus mesmos lugares, para que pudesse se orientar na casa, usar perfumes ou materiais texturizados, como tapetes para marcar áreas", lembra Coren em seu livro,como os cães pensam . "Willie adaptou-se bem e ampliava a sua exploração andando em torno da casa , notávamos as vezes um tropeço ocasional ou colisão que lembrava a família que ela era cega."

Mas então veio o desastre. Ao retornar para casa um dia ,Willie subiu correndo os degraus para ir para a casa e colidiu com o batente da porta. Olhando um pouco angustiada e confusa, começou a desacelerar e se mover muito timidamente , lembra Coren. "Um pouco mais tarde, quando ela foi beber água, a cabeça realmente não achou a vasilha e ela bateu o nariz no chão."

Seus proprietários ficaram desesperados temendo que ela houvesse sofrido alguma deterioração mental repentina. Na verdade, descobriu-se que no Petshop tinham cortado a barba da Willie, algo que nunca havia sido feito antes, o que a tinha deixado desorientada sem sua importante ferramenta sensorial. Quando eles cresceram de volta, Willie recuperou a capacidade de circular segura em volta de seu mundo para o alívio considerável de seus proprietários)

“... Em seu relatório de 1982 "Whisker Corte em Cães Show" do Professor Thomas McGill, um psicólogo e criador de Terra Nova, conta a história de um Vizlsa top-winning que sofreu ferimentos faciais quando caçava durante a sua juventude, ele também teve sua vibrissas removidas por competir em exposições. Quando aposentou pode enfim ter seus bigodes crescidos.

Veja algumas declarações de cinéfilos sobre este assunto:
-Harvey Locke,presidente da Associação Veterinária Britânica
"...posso dizer que bigodes não devem ser aparados, barbeado ou removidos por razões estéticas e nos casos em que o focinho é tosado para limpeza todo esforço deve ser feito para preservar a vibrissas. Eles são um órgão sensorial com inervação por isso, é razoável supor que sua amputação provoca desconforto. " 

-Stanley Coren que escreveu o livro “A inteligência do cão”
“As vibrissas de cães desempenham uma função importante e isso se torna ainda mais importante com a idade do cão e escurece a sua visão. Removendo as vibrissas simplesmente para fazer limpeza do visual para exposição, creio, ser desnecessário e prejudicial para o animal.Infelizmente, criadores,petshops ,poucos parecem estar conscientes disso, e pior ainda, muitos juízes na votação mostra ainda dar preferência a cães que tiveram a sua vibrissas removido”. 

-John Burchar
...no Reino Unido não fazem qualquer referência específica sobre remover ou não os bigodes, mas em dezembro de 2010 o Kennel Club fez uma declaração dizendo não acreditar que qualquer cão deve ter seus bigodes removido por razões puramente estéticas, e também expressando preocupação com a remoção bigode que estava se tornando mais comum em raças de cara limpa. "Como seres humanos estamos tão acostumados com nossas próprias habilidades sensoriais mais limitados que tendem a subestimar as habilidades sensoriais de outras espécies".




A Pelagem
Sua organização e importância




A pelagem que cobre e protege os caninos é formada de pele, pêlos e subpêlos.
Agrupados, os subpêlos são todos originários de um mesmo núcleo, que está conectado a uma glândula sudorípara e a uma ou duas sebáceas. Cada grupo é formado por um pêlo, ilhado por um número variável (de 3 a 15) de subpêlos lanosos, suaves e mais finos.

O segmento dos pêlos, acima da superfície da pele, chama-se lança. A raiz fica situada num folículo piloso. Uma papila vascular, coberta pelo bulbo do pêlo, alcança o fundo do folículo. Os folículos pilosos estendem-se, obliquamente, dentro do cório a uma profundidade variada. Os pequenos músculos eretores dos pêlos são células musculares, lisas, localizadas no ângulo obtuso que o pêlo forma com a pele, da maioria dos folículos. Estimulados por terminais nervosos, a contração desses músculos provoca o eriçamento do pêlo e comprime as glândulas sebáceas, abrindo-as para lubrificar o folículo.

Os pêlos tácteis são verdadeiros órgãos e tão longos que alcançam o músculo subjacente.

As paredes dos tácteis do queixo, das faces, das vibrissas dos lábios, do ouvido externo, dos supercílios e dos cílios das pálpebras, são bastante espessas, contendo, entre a superfície externa e a interna, alguns vasos capilares e neuroterminais.

A função desses pêlos táteis, que alguns expositores costumam aparar para exibir seu exemplar bem barbeado e "limpo", por influência da cinofilia americana, na realidade, são verdadeiros órgãos, suas ferramentas de trabalho. Por exemplo: os do queixo, permitem que o cão possa seguir uma trilha de quase um quilômetro sem ralar seu queixo no chão. Os das faces, em conjunto com os dos supercílios, bigodes e os do queixo, permitem ao cão saber se, ao enfiar sua cabeça num buraco, poderá retirá-la depois. Aparar os bigodes é amputá-los, é privar seu cão dessas ferramentas naturais de trabalho.



O SUBPÊLO - Um beduino jamais conseguirá atravessar o deserto de short e sem camisa.

Sem aquelas mantas protetoras, feitas de lã, com certeza não conseguiriam prosseguir por mais de três quilômetros.

A grande maioria dos padrões de raça comenta que o subpêlo, formando um colchão de ar, entre a pelagem externa e a pele, protege o animal das intempéries, inclusive do calor.

Existem raças que possuem pelagem dupla e outras com pelagem simples e existem até raças completamente peladas.

Alguns criadores e, até mesmo, alguns veterinários querem sustentar que, em razão da mudança de clima, os cães se adaptam, perdendo o subpêlo.

A raça importada, mais antiga e com maior número de exemplares, em 60 anos, o Pastor Alemão, ainda não se adaptou.

Na última revisão do padrão da raça Rottweiler, a falta do subpêlo deixou de ser desqualificante, mas permanece como uma falta gravíssima. Na Alemanha, país de clima frio, existem muitos exemplares sem subpêlo e são altamente penalizados.

Entre as raças cuja pelagem é simples estão o Bóxer e o Dogue Alemão.

Essas raças, que ostentam, quase sempre, uma pelagem rasa de pelos duros ou sedosa de pelos longos, pode-se dizer, que já estão adaptadas à falta do subpêlo, pois, para isto, foram genéticamente planejadas. Apesar disto, durante o rigoroso inverno europeu, surgem alguns subpêlos que jamais podem apresentar-se maiores que o comprimento do pêlo.

Fazer cinofilia é estudar as razões de cada exigência dos padrões de raça, compreendê-las e preservá-las.

Fazer cinofilia é procurar não mutilar os cães só para embelezá-los. Beleza é mais do que um assunto indiscutível, é uma questão cultural, social e geográfica. Uma obra de arte africana traz uma beleza inteiramente diversa da duma obra marajoara, que por sua vez é completamente diferente da beleza duma obra renascentista, surrealista, abstracionista ou impressionista.

A preocupação fútil com a beleza é característica duma sociedade culturalmente decadente.

Bruno Tausz 
Etólogo



Fonte: dicaspeludas.blogspot.com/Bruno Tausz

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