4patas e um coração

OBESIDADE ANIMAL.

por Eloiza Strachicini

Garfield, o gato mais bonachão do cinema, pode ser engraçado somente nas telonas, pois ter um gato ou cachorro obeso em casa pode causar diversos problemas de saúde e de locomoção nos pets. O fato é que animais domésticos estão ficando cada vez mais gordos. Cerca de 40% dos cães levados às clínicas veterinárias sofrem de obesidade. Ela costuma afetar mais as fêmeas do que os machos, especialmente os castrados e algumas raças mais do que outras, como, por exemplo, labrador, rottweiler, beagle, basset hound, cocker spaniel e dachshund.

As veterinárias Luciana Calciolari e Maria Carmem P. Azambuja explicam que a obesidade é caracterizada como sendo o peso corpóreo de 10% a 20% acima do peso ideal para determinada raça, sexo e espécie. Ela pode ser fisiológica (devido à ingestão de alimentos impróprios para os animais como restos de comida humana, gorduras, doces etc., e falta de atividade física) ou patológica (devido a disfunções 

hormonais). Elas ressaltam que somente um veterinário tem condições de avaliar se o animal está com sobrepeso ou algum tipo de doença.

Luciana alerta que a obesidade pode levar a outras doenças como diabetes, problemas cardíacos, pulmonares, de coluna e nas articulações, e em alguns casos pode estar associada ao uso de medicamentos. “Menos de 5% da obesidade está relacionada à doença ou a medicamentos. Fármacos como anticonvulsivos causam aumento na ingestão alimentar, e o tratamento com hormônios pode levar a um significante ganho de peso”, completa.

DIETA ANIMAL – O primeiro passo antes de o bichinho entrar numa dieta, segundo Maria Carmem, é o dono se convencer do estado de obesidade de seu cão e que isso causa riscos à saúde dele. “O excesso de peso é uma condição debilitante da saúde, que deve ser corrigido pela prescrição de ração light e exercício físico, orientado pelo médico veterinário, pois o sedentarismo estimula o ganho de peso”, analisa.

Foi o que aconteceu com Mel, uma gata sem raça definida de 7 anos, adotada ainda filhote pelo técnico em informática Thiago Francisco Ogata Negri e sua namorada Sabrina.

Ele confessa que, sempre que via o potinho vazio, corria para encher de ração, e o fato de morar um período em apartamento também contribuiu para o aumento do peso da gata. “Nós tínhamos um cachorro, quando ela ainda era filhote, que ela morria de medo. Por isso quase não saía de casa. A verdade é que ela nunca foi muito ativa, e todos esses detalhes causaram a obesidade”, completa.

Para se redimir, o técnico teve de colocar a mão no bolso e gastar cerca de R$ 20,00 pelo pacote de 400 g de ração especial para perda de peso. Pesando 8,5 kg, Mel começou uma dieta com a ração há cerca de 5 meses, que já vem dando resultado. “A veterinária recomendou diminuir a quantidade da ração light, e hoje ela pesa cerca de 7 kg. Já é possível ver que ela emagreceu e está conseguindo se limpar, e essa era sua grande dificuldade”, acrescenta.

A frequência da obesidade aumenta com a idade do animal, pois o envelhecimento leva a uma redução das necessidades energéticas devido à perda de massa muscular e quando não há diminuição da ingestão calórica a doença aparece.

Essa é a dificuldade que a cocker spaniel Tulinha, de 9 anos, tem encontrado. Sua dona, Aparecida Pedrina Camargo Silva, explica que, apesar de estar comendo ração light há cerca de 5 anos, a cadela não tem perdido muito peso. Muito se deve ao fato de ela comer comida, não indicada para animais. O peso ideal da raça é por volta de 15 kg, mas Tulinha pesa hoje 22 kg. “Apesar do excesso de peso, ela nunca teve problemas de saúde. Ela sempre foi calma e não é de brincar muito nem caminhar. A veterinária já me alertou para diminuir a quantidade de comida, mas, se não dou arroz com carne, ela chora e fica tocando a patinha na minha perna pedindo”, finaliza. 

Como vencer a obesidade

1) O dono precisa convencer-se do estado de obesidade de seu cão.

2) Seguir as indicações do fabricante quanto à quantidade de ração a ser fornecida.

3) Fracionar a ração ao longo do dia para que o cão tenha sempre a sensação de estar saciado, isto é, em vez de dar 300 g de uma só vez, fornecer 3 refeições de 100 g.

4) Dispensar as guloseimas: o biscoito pela manhã, o pedacinho de queijo à tarde, o bifinho à noite etc. Esses petiscos são utilizados de forma incorreta. Na verdade, foram criados para serem dados ao cão durante o treinamento, como prêmios, como um incentivo ao aprendizado. Vale esclarecer que o biscoito não faz o milagre de limpar os dentes do cão (isso é puro marketing para aumentar as vendas do produto). O que limpa os dentes é a ação mecânica de roer ossos ou a escovação periódica.

5) Fazer com que o cão faça exercícios regularmente.

Fonte: www.portalk3.com.br