quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Cães de Resgate







por Silvia C.Parisi (*)
Cão da Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro


Os cães de resgate são usados para localizar crianças perdidas, cadáveres, vítimas de afogamento ou avalanches, sobreviventes debaixo de escombros, suspeitos de crimes ou fugitivos da polícia. Geralmente as raças de trabalho e esporte se saem melhor como cães de resgate. Isso porque elas vêem sendo aprimoradas ao longo dos séculos para servir ao homem. Golden Retrievers, Labradores, Pastores Alemães, Border Collies e Malinois são algumas das raças mais populares usadas no treinamento de cães de resgate.


Todas as pessoas têm um odor individual que provém da constante descamação de células mortas da pele, óleos produzidos pela pele e cabelo, respiração e transpiração. Gêmeos idênticos têm odores diferentes para os cães. O olfato apurado do cão pode detectar no solo, o odor de uma pessoa vários dias após ela ter passado pelo local. Cães treinados podem também detectar odores trazidos pelo vento ou sobre a superfície da água. São capazes de identificar odores abaixo de vários metros de entulho.

Os cães naturalmente sabem como encontrar um odor. Seu ancestral, o lobo, usava esse sentido apurado para sobreviver, farejando e caçando sua presa. O treinamento dos cães de resgate consiste em fazer com que o cão compreenda que queremos que ele nos ajude a encontrar certos odores, e que será recompensado por isso. No treinamento, específico para cada modalidade de resgate, a pessoa localizada pelo cão, assim como seu condutor, brinca com o animal e o recompensam pelos acertos.

Os cães que passarão pelo treinamento são avaliados quanto à obediência, sociabilidade, agressividade e medo de ruídos. Receberão treinamento de agility percorrendo obstáculos diversos, simulando locais de escombros. O treinamento, 20 a 30 hora por semana, deve ser iniciado na fase de filhote. Um cão e seu condutor estarão aptos para o trabalho de resgate após 2 anos de treinamento.

Nem todos os animais conseguem se "graduar" como cães de resgate. O cão terá que trabalhar em ambiente de estresse, procurar partículas microscópicas de odor humano, voar em helicópteros, navegar em barcos e depois de passar várias horas preso em uma caixa de transporte, pular e sair farejando... Não é um trabalho para um cão comum!


O trabalho com cães de resgate no Brasil é desenvolvido apenas nos estados de S. Paulo, Distrito Federal, Santa Catarina e Rio de Janeiro. A maioria dos animais é treinada em corporações militares, como Exército, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, desempenhando um papel fundamental na localização de pessoas perdidas em florestas, desabamentos e soterramentos.

A capacidade de trabalho de um cão farejador para localizar pessoas equivale a 20 homens desempenhando a mesma função de busca, sendo que o animal pode realizar a tarefa em um tempo muito menor.

Marcelo Coruso, da Ong Cães de Resgate, treina animais para esse trabalho desde 1995, quando participou de cursos de treinamento de cães de salvamento, nos EUA. Nina, uma labradora falecida em 2004 aos 12 anos, foi o primeiro cão de resgate do Brasil, treinado por Coruso.

Segundo Marcelo, o treinamento dos cães se inicia em qualquer idade, quanto mais cedo melhor, mas é necessário que o animal passe por um 'teste vocacional'. Uma vez aprovado, o cão deverá freqüentar um curso de obediência e, posteriormente, será treinado para o resgate através de brincadeiras com o aroma a ser procurado.

Com relação às raças utilizadas, Marcelo esclarece que, à exceção de raças muito pequenas e frágeis, ou muito grandes, como o dogue alemão, qualquer cão está apto a ser treinado, desde que tenha habilidade para o trabalho.

No Brasil, o número de cães de resgate tem aumentado e já acontecem encontros de cães farejadores, eventos nos quais os condutores com seus animais participam de provas em diferentes ambientes, tentando descobrir os diversos odores.

A Ong Cães de Resgate dispõe de animais das raças Boiadeiro australiano (australian cattle dog), Springer spaniel e Rottweiller, treinados como farejadores. 

Apesar do trabalho tão importante realizado por esses cães, como todo serviço voluntário realizado por Ongs, é necessário patrocínio para manter os animais e deslocá-los para áreas mais distantes e até outros estados onde ocorrem os acidentes e desastres. Por falta de recursos, muitas vezes não é possível transportar os cães, e vidas podem deixar de ser salvas.

Os cães usados em salvamentos desempenham um papel tão importante na ajuda ao ser humano que já começam a ser reconhecidos. A cadela Dara, uma labradora que auxilia o 1º Grupamento do Corpo de Bombeiros de São Paulo em deslizamentos de terra com vítimas, foi a vencedora do Concurso Cão Herói 2005, promovido pela Pedigree, no Brasil.

Sob a coordenação de Marcelo Caruso, cursos de salvamento e resgate com cães são ministrados pela 1a. União de Montanhistas - RADA/RAR. O objetivo é formar treinadores, militares ou voluntários, e seus cães.

"Seu cão pode ajudar a salvar uma vida, você já pensou nisso?"

(*) Silvia C. Parisi é médica Veterinária - (CRMV SP 5532)

Fonte: webanimal.com.br


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