domingo, 5 de novembro de 2017

Lambeijo, o beijo do seu pet.




por Luiza Cervenka de Assis(*).


Na foto, o diretor de cinema Kornel Mundruczo recebendo um "lambeijo" ao lado de Buddy, protagonista canino do filme Feher Isten (White God).





Você conhece a palavra lambeijo? Dentro do mundo pet é muito comum ouvir tutores pedindo lambeijos aos seus cães. Nada mais é que uma lambida canina, vista como um ato de carinho, como um beijo humano. Mas será que uma lambida bem babada é o mesmo que um beijo de amizade?

Com a humanização dos cães, temos a necessidade de buscar justificativas humanas ou equiparações de seus comportamentos. Porém, o ato de lamber o focinho de outro cão ou mesmo o próprio, nada tem a ver com um beijo.

Lamber o próprio focinho
A língua do cão tem muitas funções: pegar alimento, beber água, limpeza e também é uma forma de se comunicar. Antes de iniciar uma briga, um cão pode rosnar ao outro ou simplesmente lamber o próprio focinho.

O mesmo comportamento pode ser visto na mesa de exames do veterinário. Isso porque este sinal mostra que o cão está desconfortável naquela situação e poderá reagir a qualquer momento. Após uma simples lambida de focinho pode vir uma bela de uma mordida. Alguns cães costumam rosnar e lamber o focinho ao mesmo tempo. Tudo isso para deixar bem clara suas intenções.

Lamber outro cão
Entre os animais sociais, é comum o comportamento de catação. O famoso tirar piolho. Neste momento, além de retirar os possíveis ectoparasitas, os animais estreitam seus vínculos afetivos. Mais comum de observar em primatas, mas isso acontece entre os cães também.

Além de mordiscar o outro para retirar as pulgas e carrapatos, é comum observar um cão lamber o outro como forma de demonstração de proximidade. Se, por acaso, o cão lambido não quiser tanta intimidade, ele poderá sair ou até mesmo rosnar.

Lambidas para fazer amizade
Como a lambida é uma forma de estreitar os laços, também pode servir como uma possível forma de fazer amizade.

Basta ir ao parque para observar diversos cães interagindo. Alguns são mais animados e provocam os outros para correrem. Mas tem aqueles mais tímidos, tranquilos ou até inseguros, que se aproximam aos poucos, com receio. Para garantir o sucesso da aproximação, uma lambida no focinho é o melhor caminho. Se o outro cão for receptivo e não rejeitar o gracejo, começará uma forte e duradoura amizade entre eles.

Então, por que meu cachorro ama lamber minha boca?
Muitos mamíferos, após desmamarem, começam a ter acesso ao alimento sólido através da mãe. Ela sai para caçar e retorna ao encontro de seus filhotes com uma bela caça na boca. Com muita fome, os filhotes correm até ela, e começam a lamber seu focinho no intuito de lamber o pouco de comida que ficou em seus pelos e para acelerar que a mãe libere a comida.
Em algumas espécies, com o lamber do focinho, a mãe regurgita o alimento, para alimentar seus filhotes. Assim, os cães podem lamber nossa boca para saber o que comemos e tentar ganhar um restinho de carninha, sobra do almoço, ainda entre os dentes.

Beijo Negado



Mesmo cães que não são mais filhotes, podem continuar com o comportamento de lamber a boca de outros cães e humanos, por recompensa. Cada vez que o cão me lambe, e eu acho fofo, eu recompenso com carinho e atenção. Assim, ele associa que para ganhar sua atenção, basta lamber a sua boca. Ele só trocou a comida por carinho, mas a atitude é a mesma.

Por isso, se você não gosta das lambidas do seu cão, basta ignorá-lo quando ele te lamber. Saia do ambiente e não dê atenção a ele. Isso resolverá o lambe-lambe.


Mas se você não tem problema de viver babado, as lambidas estão liberadas! Se o animal for vacinado, vermifugado e fizer visitas frequentes ao veterinário, há pouco risco de transmitir doenças através da língua. O lambeijo é uma forma de troca de carinho e aproximação entre cães e humanos.

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O outro lado da mesma história:


Cientistas acreditam que "beijo canino" pode ser benéfico para saúde.
publicado no site suacidade.com em 22/03/2015



Cientistas da Universidade do Arizona, no Estados Unidos, estão recrutando voluntários para comprovar a teoria de que receber um "beijo" do cachorro pode trazer benefícios à saúde dos donos.

Isso porque, segundo eles, alguns microrganismos do intestino do cão podem ter efeitos positivos para humanos. 

Os participantes, que devem ter acima de 50 anos, irão receber em sua casa a companhia de um animal durante três meses. Nesse período, eles irão estimular o contato com os animais e receber lambidas dos companheiros de quatro patas, o que, segundo os cientistas, deve estimular o crescimento de microorganismos bons no intestino humano. 

O sistema digestivo humano é habitado por mais de 500 tipos diferentes de bactérias, tanto boas quanto ruins. Os probióticos, por exemplo, são geralmente microrganismos que ajudam a manter o intestino sudável, como os presentes em iogurtes, e ainda ajudam na digestão dos alimentos.

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(*) Luiza Cervenka de Assis é articulista do www.emais.estadao.com.br

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