quarta-feira, 12 de setembro de 2012






Os cães estão sempre aprendendo sinais e tentando se comunicar com você, mas você consegue entender?

Ele balança o rabo, rosna, aponta com a cabeça. Faz tudo para chamar a atenção, mas o dono não entende nada. Se você já passou por essa situação com seu cachorro, saiba que não está sozinho. Compreender o que se passa na mente dos peludos – e responder às tentativas de comunicação deles – é um dos grandes desafios dos cientistas e especialistas em comportamento animal.

De olho no cérebro canino, eles agora tentam entender como os cães respondem a estímulos humanos e já têm várias pistas sobre isso.

Uma das mais importantes descobertas sobre a comunicação entre pets e humanos veio recentemente da Universidade de Emory, em Atlanta, EUA. Ali, os pesquisadores puderam, pela primeira vez na história, observar o cérebro canino em pleno funcionamento, graças ao uso de ressonância magnética e de animais treinados para passar pelo experimento.

Em um dos testes, os cientistas observaram como a massa cinzenta dos cães reage quando eles são expostos a estímulos humanos. Dois cachorros foram observados enquanto seus donos faziam gestos com a mão que significavam ou não uma recompensa. O resultado comprovou uma velha suspeita: eles prestam, sim, bastante atenção aos sinais que damos e associam esses sinais com recompensas ou não, dependendo do que a pessoa está tentando informar.

Como falar com eles

A primeira regra para quem deseja se comunicar com um cão, segundo Mauro Lantzman, veterinário especialista em comportamento animal e professor da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, é tentar se colocar no lugar dele. Ou seja, é preciso entender como o bicho percebe o ambiente à sua volta. “Sabemos que o olfato canino é extremamente desenvolvido e especializado, logo podemos imaginar que esse sentido contribui para a construção do que é captado”, explica. Por meio do faro, o cão é capaz de se localizar, identificar a presença de outros animais e detectar se há perigo por perto.

A audição também é essencial para eles, afinal é por meio dos latidos, uivos, rosnados e choros que os membros dessa espécie informam o que estão sentindo. Os gestos também entram como ferramenta de comunicação canina. É o caso da orelha que sobe e desce como sinal de atenção, do rabo que balança no ritmo do humor, da boca que abre quando ele está relaxado, e por aí vai.

“Dentro da matilha, todos os sinais feitos pelo cão são conhecidos, mas, fora dela, na comunicação com outras espécies, surgem as dificuldades”, lembra Mauro. Faz sentido, afinal cada animal tem seu conjunto de signos para se comunicar, que só tem significado dentro do próprio grupo. É por isso que, segundo o especialista, os cães não usam sua comunicação clássica conosco. “O que impera é a capacidade de extrair informações pela observação”, diz. E eles, pelo visto, são peritos nessa arte. Em 30 mil anos de convivência com os humanos (suposta data em que os lobos foram domesticados), nossos pets se empenham em aprender o que queremos dizer.

Para tentar nos entender da melhor maneira possível, eles não medem esforços, colocando todos seus sentidos para funcionar. Mas nem sempre é fácil. Eis um exemplo: “Ao se deparar com um dono triste, o cão pode reagir de inúmeras formas, distanciando-se ou aproximando-se”, diz Mauro. “Se você premiar o animal que se aproximar com um afago, ele vai entender que deve fazer isso e repetirá o gesto em outra ocasião”, afirma. Ou seja, a reação do dono é que vai definir se aquela comunicação deu certo ou teve ruído.

Entre falar e ser ouvido

Uma das expectativas do cão em relação ao dono é a de que esse adote um comportamento coerente para que, assim, ele possa interpretar os sinais humanos sem erros. Mauro conta que essa é uma das maiores dificuldades na comunicação entre as duas espécies. “Muitas vezes somos incoerentes em nossas reações com eles”, diz ele. “Um exemplo é o latido, que algumas vezes é incentivado e, em outras ocasiões, gera broncas; o mesmo vale para o ato de pular nos móveis, ora recompensado, ora elogiado e aplaudido”, afirma.

Assim, se você incentiva o filhote a pular em seu colo para brincar, vai deixá-lo confuso ao reclamar desse comportamento depois que ele crescer e, claro, jamais poderá culpá-lo por não entender o que você deseja. Essas falhas de comunicação acabam resultando em uma série de dores de cabeça para o dono e em ansiedade para o pet. O bicho, então, fica estressado e, lá na frente, poderá apresentar problemas de comportamento.

Para bom entendedor

Se você chegou até aqui, deve estar mais que motivado a se comunicar melhor com seu cão. Então, experimente seguir essas três recomendações feitas pelos especialistas: conhecer ao máximo o pet (tanto a raça quanto as características individuais), utilizar um método de treinamento (os sinais que ele aprenderá serão uma linguagem comum entre vocês, facilitando a comunicação) e tentar ser simples, direto e coerente durante todas as “conversas”.


Fonte: bvsvet.blogspot.com.br

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