quarta-feira, 8 de agosto de 2012


por Renata Faggion

Ao levar seu cachorro ao veterinário ele é protegido anualmente com todas as vacinas disponíveis desde que era um filhotinho. Que alívio! Seu cachorro está totalmente protegido contra todo tipo de doenças, correto? A resposta para esta pergunta talvez seja: não. De acordo com inúmeros pesquisadores, o excesso de vacinação pode ser responsável por várias doenças diagnosticadas em cães cada vez mais jovens, como alergias, tumores, glomerulonefrite (uma das causas de doença renal crônica) e doenças auto-imunes (como diabetes e hipotiroidismo).

“Toda vacinação implica em riscos potenciais, qualquer bula confirma essa informação”, adverte a médica veterinária Sylvia Angélico do blog Cachorro Verde. Mas isso não quer dizer que seu cachorro não deva ser vacinado. “Essa não é a discussão aqui. A questão é que é perfeitamente possível vacinar menos e correr menos riscos. Quanto mais vacinas aplicamos, mais expomos o paciente a um maior risco de problemas agudos e crônicos de saúde. Pensando no paciente, qual conduta seria mais ética?”, questiona.

MAS como saber se meu cachorro está sendo vacinado em excesso ou se está desprotegido? Tire suas dúvidas nesta entrevista com a médica veterinária Sylvia Angélico do blog Cachorro Verde

Por que você é contra a vacinação anual e periódica?

Sylvia: Porque essa conduta é obsoleta. Temos mais de uma década de artigos científicos à disposição na internet de autoria norte-americana, holandesa, africana, italiana, brasileira, canadense, israelense, enfim, de inúmeros países – não somente dos ditos desenvolvido – trazendo informações confiáveis sobre a duração verdadeira da proteção conferida por cada vacina. Em contrapartida, não encontro um único artigo científico independente e recente que recomende aplicar todas as vacinas disponíveis no mercado em todos os cães todos os anos.

Mas como podemos saber se um cão realmente precisa ser vacinado ou não?

Sylvia: Hoje já existem kits para verificação dos títulos de anticorpos vacinais e no Brasil há exames laboratoriais capazes de nos informar se o cão se encontra protegido ou não. O momento de aplicar as vacinas nos cães depende de inúmeros fatores como a idade, condições de saúde, histórico de vacinas e de reações adversas com vacinação, porte e raça. Mas o principal é avaliar onde o cão vive, estilo de vida dele e até se mamou o colostro quando filhote. Parece excesso de zelo, mas sempre que possível todos esses aspectos devem ser levados em conta antes de aplicar uma vacina no paciente.

Mas existem vacinas obrigatórias para qualquer cão?

Sylvia: A comunidade científica internacional classifica as vacinas para pets existentes no mercado em essenciais, opcionais e não-recomendadas. As vacinas essenciais são aquelas que todo cão deve receber porque são altamente eficazes, conferem proteção por muitos anos e protegem contra doenças realmente perigosas. São elas: as vacinas contra cinomose, hepatite infecciosa canina (também conhecida como adenovirose tipo I), contra parvovirose e contra a raiva. As vacinadas classificadas como opcionais apresentam eficácia inferior, proteção menos duradoura e visam prevenir doenças menos perigosas ou que estejam restritas a determinadas regiões e não em todo o território. São elas: as vacinas contra leptospirose, contra leishmaniose visceral canina (que pode vir a se tornar uma vacina essencial para o Brasil) e contra a “tosse dos canis”.

E quais são as não-recomendadas?

Sylvia: São aquelas de baixo custo-benefício, seja porque são pouco eficientes ou porque a doença contra a qual protegem não oferece risco significativo. São elas: a vacina contra a giardíase (estudos comprovam que não funciona satisfatoriamente), coronavirose (uma infecção intestinal branda que acomete filhotinhos de até 8 semanas de vida) e a vacina que previne contra dermatofitose (micose).

Como o dono do cachorro pode conversar com seu médico veterinário a respeito?

Sylvia: Em primeiro lugar, saiba que é possível customizar o protocolo do peludo e que produtos com menor número de frações expõem o paciente a um risco menor de reações adversas. Se você está interessado em obter um protocolo customizado para seu pet, converse com seu veterinário e passe para ele alguns artigos científicos disponíveis na internet. Recomendo enfaticamente a consulta às diretrizes vacinais internacionais do World Small Animal Veterinary Association (WSAVA) de 2010 e do American Animal Hospital Association (AAHA) de 2011 (clique aqui).

Fonte: caninablog.wordpress.com/2012/02/09/11414/

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