quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012




A bull terrier virou símbolo da luta contra a crueldade praticada contra animais; relembre o caso:


Na chácara em que mora, em Bauru, a esteticista canina Leandra Marquezini, 36, cuida de 18 cachorros e 22 gatos. Ela e o marido, Carlos Rossi, optaram por uma vida simples, sem luxo nenhum e sem direito a viagens ou folga nos finais de semana. Tudo pelo amor aos animais, quase todos resgatados das ruas.

Ali, cada um tem uma história de superação. Mas a cachorra Vida era especial. A bull terrier virou símbolo da luta contra a crueldade praticada contra animais. Espancada até ficar à beira da morte, ela foi adotada por Leandra e Carlos em julho de 2010.

Eles cuidaram dela até ontem de manhã, quando Vida precisou passar por uma eutanásia após um mês de sofrimento. Com imunidade baixa e apenas 20% da visão depois do espancamento, a cachorra também era portadora de uma sarna crônica, agravada nas últimas semanas. A doença provocou forte anemia e prejudicou os rins. Vida, nos últimos dias, só sofria e gemia o tempo todo.

Mesmo assim, Leandra não estava preparada para a partida. Ontem, ao telefone, chorou várias vezes. Disse que será difícil se acostumar com a casa sem os latidos fortes e o vigor da cachorra, famosa pela trajetória.

“Ela vai fazer falta. Era muito alegre, apesar de tudo. Tinha alegria de viver”, disse a esteticista. “Estou arrasada”.
No último mês, a cachorra precisou de cuidados ainda mais intensos. Além das vitaminas diárias, tomava remédios e a alimentação era induzida.

No período em que viveu com o casal, ela tomava banhos semanais com shampoo terapêutico e precisava passear. Nas ruas, era reconhecida e saudada como sobrevivente guerreira.

“Recebi emails do Brasil inteiro. Ela virou símbolo mesmo”, conta Leandra sobre a época da adoção. “Onde eu passava falavam: olha a Vida!”

Segunda a veterinária que cuidava de Vida, ela tinha entre seis e sete anos. A idade correta não é possível saber porque a cachorra foi abandonada pelos antigos proprietários e, numa rua da Vila Santista, espancada com crueldade até ser resgatada.

Depois do caso, cresceu em Bauru a mobilização contra a violência que atinge os animais.

Donos de uma pet shop no Parque Vista Alegre, Leandra e Carlos são bastante assediados para adotar cães e gatos abandonados, mas, é claro, não conseguem atender todos os casos.
Ela faz um apelo: quem for adquirir um animal, precisa pensar bem se é isso que quer mesmo, para depois não deixar nas ruas.

“A Vida passou por tudo isso porque foi jogada”, ressalta.

A cachorra foi enterrada ontem, na chácara do casal.

Relembrando o caso:

A cadela tinha lesões em todo o corpo, mas o mais grave eram ferimentos nos dois lados da face. Faltavam até pedaços de carne. Havia edemas na cabeça e outras partes. “As lesões indicam espancamento com pedaços de pau ou pedras”, constata o veterinário Denilson José de Souza, que cuidou da filhote.
‘Foi exagero o que fizeram com a Vida’
Inconformado com o que viu na segunda-feira, Cristiano retornou à Vila Santista e conversou com os moradores. “Alguns viram-na atacar outro cão que estava com o tutor. Esse cara, querendo separar a briga, a espancou”, conta o vendedor.
O diagnóstico aponta ainda que a cadela teria sido abandonada, já que apresentava sarna, doença típica de cães de rua. “Foi um exagero, é um filhote. Podia ter separado sem ter quase matado ela”, desabafa Leandra.
Os três estão investigando o ocorrido e pretendem processar o autor. “É preciso entender que maus-tratos a animais é crime. A gente vai lutar para que os responsáveis paguem”, diz.
A cachorrinha, após quatro dias em coma induzido, teve alta ontem. O estado de saúde ainda inspira cuidados, mas ela já ganhou um nome que representa bem sua luta: Vida.
‘Diziam que socorrer era perder tempo’
Na visão do empresário Carlos, agredir um animal é demonstração de violência à vida no seu sentido mais amplo.“Quem espancou a Vida pode vir a ser o assassino de um ser humano no futuro.”
O vendedor Cristiano relata que outras pessoas já tinham visto o sofrimento da cadela antes dele socorrê-la. “Quem passava por ela dizia que era melhor não perder tempo socorrendo já que ia morrer.”
Leandra faz um alerta aos futuros tutores de animais.
“Antes de adotar, pense bem. O principal criminoso contra a vida ali presente não é quem a machucou, mas sim quem a abandonou.”

Fonte: Bom dia Bauru e AAIPA

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